quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O Nerd e a Noia III - A balada do Pistoleiro

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Preocupado com a possibilidade de perdê-la de uma vez por todas, o Nerd intensificou a compra de barras de chocolate para presenteá-la com o objetivo de reconquistar, pelo menos, sua amizade.
A Noia começou a encher-se daquela situação. Estava interessada no Fake e não sabia mais o que fazer com tanto chocolate. Então começou a mudar seu caminho de ida ao trabalho para não encontrar mais com o Nerd, pois queria esquecê-lo.
Mas como o Fake também não estava dando bola* para ela, decidiu tentar esquecê-lo e, tentando esquecer-se do Fake, esqueceu-se que estava tentando esquecer o Nerd e não se lembrava mais porque estava fazendo caminho diferente, então voltou a fazer o antigo caminho para ir ao trabalho.
*(N. do A.: 'bola' no sentido de 'atenção' e não aquelas substâncias que ela costuma ingerir)
Foi, quando viu um novo rapaz, também à espera do ônibus circular. Ele tinha o cabelo igual ao de uma calopsita, olhos claros e voz de âncora de telejornal noturno. Este novo rapaz havia trocado seu horário de trabalho provisoriamente e, para aproveitar integralmente este período em outro horário, saiu atirando para todos os lados, por isso vamos chamá-lo de Pistoleiro.
Quando trocaram olhares, o interesse foi recíproco. e então, começaram a conversar. Ela perguntou o que fazia a empresa para a qual ele prestava serviços - assim como já tinha perguntado para o Fake e para o Nerd. Enfim, conversa vai, conversa vem e ele acabou descobrindo que já a conhecia há muitos anos, mas ela não se lembrava. Ele lembrou que ela foi amiga de sua irmã, mas ela não se lembrava da irmã dele. Ele até se lembrou de que, às vezes, pensava nela quando estava sozinho em seu quarto ou no banheiro, mas isso ele não contou a ela.
O Pistoleiro não parava de pensar nela, não conseguia se concentrar no trabalho, abandonando seu posto por várias vezes e deixando seus colegas de equipe trabalhando sozinhos sem sua ajuda. Escapava como macarrão da colher toda vez que podia para se encontrar às escondidas com ela pelos recônditos da empresa. Então, sem pestanejar, em um desses encontros ele resolveu dar o tiro certeiro e fatal que ela já vinha esperando há tempos.
Essa atitude do Pistoleiro a fez apaixonar-se por ele e elevou sua auto-estima. No dia seguinte, ela apareceu com uma maquiagem de caipira de festa junina, pois sentia-se outra pessoa e queria ficar cada vez mais bonita para aquele que a conquistou.
O Nerd desistiu dos chocolates, tirou seu time de campo e resolveu dedicar-se novamente às suas conquistas virtuais.
O Fake já estava numa boa, dizendo que, agora, estava namorando a sério e que não queria mais mergulhar nessas viagens psicotrópicas.
A Noia já saiu espalhando para todas suas amigas, inimigas e afins que estava namorando, mas o Pistoleiro manteve-se negando. Ela até disse que iria largar as drogas, pois ele a pediu.

Mas... infelizmente, nossa estória não tem um final feliz.
Conta-se que ela não conseguiu largar as drogas, seus vícios foram mais fortes que sua força de vontade e seu amor e o Pistoleiro não quis continuar com o bonito relacionamento que havia surgido.
A Noia seguiu chorando suas fraquezas e lamentando sua má sorte...